Fotos 15 anos
5 coisas que matam a minha criatividade:
1) Atrasos:Explico: Dependo da luz do Sol para trabalhar. Dependo de minha equipe. Dependo de minha cliente que precisa estar segura para que as fotos pareçam mais naturais. Qualquer atraso complica muito o ensaio porque temos de correr contra o tempo ao invés de usar o tempo para maturar o ensaio. Na correria eu não crio, eu não penso. Eu faço, lógico! Mas poderia fazer melhor saboreando o tempo...
2) Tira mais uma
Explico: todo ensaio tem um tempo certo de começar e acabar. E esse tempo não é o tempo do relógio. É um tempo subjetivo. Depois de determinado período as coisas não saem tão bem. Eu acho que posso comparar a seção de fotos a uma curva ascendente que, depois de chegar a um determinado ponto, volta a descer. No começo as coisas são mais lentas, pois é necessário o tempo para uma preparação da cliente, um treinamento, uma aprendizagem, uma afinidade com a câmera e comigo. No auge do ensaio, tudo funciona bem. Mas depois de um período, o cansaço chega, a luz vai embora, e chega a hora do final. Quando o cliente diz: "tira mais uma", ele não tem ideia de que serão fotos apenas para "cumprir tabela", sem criatividade, sem nada de diferente. Eu faço, lógico! Mas...
3) A cópia
Explico: recebo inúmeras clientes que desejam fotos iguais a daquela outra cliente. Tudo bem! Eu até tento e explico que cada cliente é uma e que é impossível repetir uma foto. O problema é quando o cliente traz a foto de outro fotógrafo e pede pra fazer igual... Aí não... Eu até tenho um processo interno em que o cliente envia fotos de referência para que eu compreenda qual é o seu perfil estético, mas é só isso. Deixo claro que não faremos igual. Tenho inúmeras fotos de referência no estúdio e vejo-as como objeto de estudo, em que quero compreender a luz, a pose, o enquadramento. São referências. Assim como compro mensalmente livros de fotografia e busco "ver" para aprender. Mas a cópia descarada me desencanta. Eu não faço, lógico!
4) A falta de sintonia
Explico: você já pensou se você fizesse parte de uma orquestra e no meio da apresentação os músicos começassem a tocar de forma voluntária e sem nenhum sincronismo? Pois é. Eu preciso que as pessoas que esteja comigo no ensaio confiem e estejam sintonizadas com o nosso objetivo: fazer um ensaio inesquecível. Ironias, indiretas, desavenças, comparações com outro fotógrafo, inseguranças me deixam triste. Eu faço o ensaio, lógico! Mas poderia fazer muito melhor se todos estivessem do mesmo lado.
5) O cliente quer fazer a direção do ensaio:
_ Porque você não senta ela aqui? Vai ficar lindo!!
_ Sobe ali, fulana, vai ficar lindo!!!!
_ Olha aquela flor!!!! Vai ficar lindo!!! (e a flor é absurdamente simples e comum)
_ Sorria, fulana! Vai ficar lindo!!! (quando eu quero é um olhar direto e sério)!
_ Agora olha pra cima! Vai ficar lindo!!! (quando eu quero que ela (a cliente) olhe para baixo)...
_ Tira o cabelo do rosto! (quando eu estou achando maravilhoso o cabelo no rosto)...
Explico: é como se você falasse a um pintor: agora use essa tinta e agora faça esse risco... Minha fotografia busca ser autoral e faço tudo para que isso seja o melhor de mim. Dizer o que devo fazer só me coíbe, me afasta dos meus objetivos, me entristece. Eu faço, lógico! O cliente é meu patrão. Mas não faço com o coração. E vai ficar lindo sim, mas igual a um milhão de fotos que existem por aí.
15 lindos anos de Viviane: Vivi ganhou uma promoção no Instagram. Menina cheia de personalidade e com um acervo de roupas de dar inveja a qualquer um que gosta de rock.