Fotos grávidas BH
Pois é, eu sei que ando meio sumida daqui do blog. Muitas festas e ensaios a publicar e vou tentar fazer isso aos poucos.
Neste post, minha homenagem ao amigo Lederson, que se foi desse mundo há pouco mais de um mês. Um post celebrando a vida, o amor, a beleza e a serenidade.
Lederson era poeta (é poeta) e deixou uma obra maravilhosa para todos nós. Abaixo, uma delas. Que não foi concluída pois ainda estava em processo de feitura.
Por aqui, estamos saudosos e ainda com lágrimas nos olhos. Mas ao ver essas fotos de Francisco ainda na barriga de Carol, eu penso que a vida se renova e que sempre teremos Lederson por aqui nos observando com seu sorriso lindo e puro.
Notícias das terras de dentro
(fragmentos)
sentado à beira da porta dos fundos
um vulto imóvel observa através dos dois buracos
negros onde um dia habitaram seus olhos
avisto um imenso abismo e nele o reflexo
de tudo e todos que me atravessaram
mudo como uma rocha milenar coberta por musgos
gargalha em seu silêncio turbulento
cada músculo que se contraí em seu manto de sombras
entorpece os sentidos de um outro sentir
há tempos percebia seu cheiro atrás dos meus rastros
e a cada dia que passava num compasso de mesma medida
aumentava o odor e a escuridão de sua presença
me acompanha há anos em sonhos que se repetem ciclicamente
como um ser tão árido coberto por farpas pode ser tão Belo
a crueza dos seus lábios secos pela palavra que minguou
não há juízos que lhe descrevam
existe antes mesmo da fala e das pinturas nas cavernas
a primeira chama de fogo que houve para ser contemplada
projetou sua existência na estrutura humana grávida de mundos
decora com uma vontade inominável os dias
que se arrastam sob um sol implacável
nas noites absurdas deixa à mostra a corda para o pretenso alívio dos de estômago fraco
quando o frio enrijece os órgãos internos dos de espírito exilado
sua imagem é refletida no fundo da garrafa de álcool vazia
alguns pintores se serviram da tinta pigmentada na ante matéria
e em êxtase profundo pintaram sua imagem
alguns poetas transfiguraram em versos o torpor advindo de sua presença intangível
com seu dedos sôfregos travaram a luta milenar de causa perdida
está presente onde o Estar é compreendido e vivido de maneira plena
não há humano que não tenha sido envolvido em seus braços
mesmo não lhe sabendo o nome
é um dos motores que impulsionam a criação das máquinas
e o movimento de suas engrenagens acenando para possíveis futuros
em cada parede que se ergue, projetando uma sombra,
estabelece ali sua morada
envolve todas as paixões humanas
e quando alguém se deixa cegar de Si
surge como um colosso do mais profundo despenhadeiro de dentro
é aquilo que se sente quando o sentir está mergulhado num vácuo repleto de nulas possibilidades
serve ao deus nenhum e no altar do desespero senta-se solenemente
como avistar o lado escuro de sua face e manter-se de pé?
quando em vão tentei saber seu nome primeiro
uma corda se prendeu em meu pescoço
e balbuciei com meu olhar descrente o espanto do sem palavras
não há língua criada que descreva
todos os seus longos braços e passos longínquos
em um instante presente no momento sem tempo para ser contado
encarei-lhe frente à frente e então se escancarou num sorriso de máscara
e pude ver pedaços de estrelas natimortas nas frestas dos seus dentes branquíssimos
enquanto ostentava uma montanha de sombras que pingava à conta gotas
nos sonhos dos sem sonhos
eu vi o gozo que sentia
quando entortava a agulha dos filósofos que teciam
sua teia quando lhes cortava a carne a sua companhia
e desmoronavam dos píncaros ao chão das estruturas móveis
da Razão que novamente em seu karma
tentava edificar verdades sobre a areia movediça dos possíveis amanhãs
eu vi refletida em seus olhos minha fome mais profunda
dei-lhe as mãos num acordo íntimo
eu brinquei de roda nas bordas do caos com a Angústia
e foi uma noite infinita.
um vulto imóvel observa através dos dois buracos
negros onde um dia habitaram seus olhos
avisto um imenso abismo e nele o reflexo
de tudo e todos que me atravessaram
mudo como uma rocha milenar coberta por musgos
gargalha em seu silêncio turbulento
cada músculo que se contraí em seu manto de sombras
entorpece os sentidos de um outro sentir
há tempos percebia seu cheiro atrás dos meus rastros
e a cada dia que passava num compasso de mesma medida
aumentava o odor e a escuridão de sua presença
me acompanha há anos em sonhos que se repetem ciclicamente
como um ser tão árido coberto por farpas pode ser tão Belo
a crueza dos seus lábios secos pela palavra que minguou
não há juízos que lhe descrevam
existe antes mesmo da fala e das pinturas nas cavernas
a primeira chama de fogo que houve para ser contemplada
projetou sua existência na estrutura humana grávida de mundos
decora com uma vontade inominável os dias
que se arrastam sob um sol implacável
nas noites absurdas deixa à mostra a corda para o pretenso alívio dos de estômago fraco
quando o frio enrijece os órgãos internos dos de espírito exilado
sua imagem é refletida no fundo da garrafa de álcool vazia
alguns pintores se serviram da tinta pigmentada na ante matéria
e em êxtase profundo pintaram sua imagem
alguns poetas transfiguraram em versos o torpor advindo de sua presença intangível
com seu dedos sôfregos travaram a luta milenar de causa perdida
está presente onde o Estar é compreendido e vivido de maneira plena
não há humano que não tenha sido envolvido em seus braços
mesmo não lhe sabendo o nome
é um dos motores que impulsionam a criação das máquinas
e o movimento de suas engrenagens acenando para possíveis futuros
em cada parede que se ergue, projetando uma sombra,
estabelece ali sua morada
envolve todas as paixões humanas
e quando alguém se deixa cegar de Si
surge como um colosso do mais profundo despenhadeiro de dentro
é aquilo que se sente quando o sentir está mergulhado num vácuo repleto de nulas possibilidades
serve ao deus nenhum e no altar do desespero senta-se solenemente
como avistar o lado escuro de sua face e manter-se de pé?
quando em vão tentei saber seu nome primeiro
uma corda se prendeu em meu pescoço
e balbuciei com meu olhar descrente o espanto do sem palavras
não há língua criada que descreva
todos os seus longos braços e passos longínquos
em um instante presente no momento sem tempo para ser contado
encarei-lhe frente à frente e então se escancarou num sorriso de máscara
e pude ver pedaços de estrelas natimortas nas frestas dos seus dentes branquíssimos
enquanto ostentava uma montanha de sombras que pingava à conta gotas
nos sonhos dos sem sonhos
eu vi o gozo que sentia
quando entortava a agulha dos filósofos que teciam
sua teia quando lhes cortava a carne a sua companhia
e desmoronavam dos píncaros ao chão das estruturas móveis
da Razão que novamente em seu karma
tentava edificar verdades sobre a areia movediça dos possíveis amanhãs
eu vi refletida em seus olhos minha fome mais profunda
dei-lhe as mãos num acordo íntimo
eu brinquei de roda nas bordas do caos com a Angústia
e foi uma noite infinita.
Grávida Demais! - Carol