A invisibilidade

Outra tarefa árdua do fotógrafo: tornar-se invisível para garantir a naturalidade da cena.

Mas como??? Do alto dos meus 1,76cm não posso passar despercebida, por mais que insista: Faz de conta que não estou aqui, viu! Porque fotógrafo é assim mesmo. Não quer ser visto, quer ver. E quer ver com naturalidade e técnica.

Inspirada em Baudelaire, tenho muita vontade de fazer um ensaio com o nome O flâneur. Sim, porque a sensação mais maravilhosa que se pode ter é tornar-se invisível no meio da multidão, registrando cenas urbanas cotidianas com a mais verdadeira realidade e naturalidade. Aliás, acho que vou mudar o título para A invisibilidade do Olhar.

Sempre me ocorre essa pergunta quanto tenho uma idéia: Será que alguém já fez isso?...

O nome eu já tenho. Uma ação começa pelo desejo de torná-la real.

Abaixo: Adolescer ou a mais sincera beleza de quem está se preparando para a vida adulta. Tentativas vagas de tornar-me invisível.





O que meu olhar já viu?
Sebastião Salgado

Por quê?
Para mim, o mais autêntico dos flâneurs. Sebastião Salgado é um ser invisível, tenho certeza. Outro dia, conversando com um amigo, brincando de assumir personalidades tal qual as crianças fazem, eu disse: Então, eu sou ele (o Tião). E meu amigo riu e disse: Então, eu sou o Chico Buarque e também o Cristovam Buarque!!! E combinamos de escrever um livro, um dia, eu e os dois que ele era.

A história de Salgado sempre me inspira. Depois de seguir carreira como economista, largou tudo para se dedicar à fotografia. E alguém tem dúvidas de que tenha dado certo?

Lembro-me do primeiro encontro com a obra de Salgado: a exposição Trabalhadores. Meu coração quis sair pela boca. Meus olhos não acreditavam no que viam. Encontrei-me ali. Obrigada, Tião.

Comentários
0 Comentários

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigada por comentar.