Haiti - Sem querer ser literal

Perplexa diante da reportagem da Rede Globo cobrindo a retirada de uma mulher, sobrevivente do terremoto no Haiti, depois de seis dias. Perplexa ao ver que a prioridade da repórter era realmente cobrir todos os detalhes, quando deveria ser ajudar ou facilitar a ajuda. Perplexa por ver que o ser humano tem valido cada vez menos. Americanos estão no Haiti para resgatar 45 mil "americanos"... Perplexa ao ver que a desgraça no Haiti tem vendido mais jornais e revistas e feito bem aos bolsos de quem comanda as mídias de massa. Perplexa ao ver que não posso fazer muita coisa, além de doar alguns poucos reais, que, sabe-se lá, chegarão às mãos do destinatário original.

Mas perplexa porque se a população negra, pobre, suja, sem horizontes, já era assim antes da tragédia? Qual o motivo do assombro de uma desumanidade tão longe se aqui entre nós há tantos Haitis pelas ruas, sob as pontes?

Esse post não merecia fotos belas, pois é preciso ser literal o tempo todo para ter coerência entre texto, imagem e som, mas acho que só o belo faz nascer o belo. Só se educa pelo exemplo. Só se governa pelo exemplo. Fotos das crianças famintas, haitianas ou não, não fizeram até hoje com que o ser humano se mobilizasse para resolver o problema em definitivo. Portanto, não quero explorar ainda mais a miséria. Mas como forma de protesto, deixo aqui imagens de uma cidade maravilhosa, em branco e preto. A conversão em cores fica por conta da generosidade e imaginação transformadoras que cada um traz dentro de si para mudar o mundo e transformá-lo em um lugar melhor para todos.

Abaixo: Visita ao Rio de Janeiro. em janeiro de 2010.

Ao som de: Índios by Legião Urbana














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