5...4...3...2...1! Feliz ano novo! Foi assim há alguns dias. Mas racionalizando bem, passamos apenas de um segundo para o outro e nada ficou diferente, a não ser dentro de nós.
Estamos acostumados a mentir para nós mesmos e achar que os ciclos têm de se fechar para recomeçarmos quando cada um tem seu próprio ciclo, que começa, finaliza e recomeça durante toda a vida.
Se olhar para o passado, vai perceber quantos ciclos você já viveu e encerrou bem ou mal. A infância, a adolescência, o casamento, os sonhos, o medo do futuro profissional, a sorte, a doença, a amizade, tantas coisas.
Fechamos e abrimos ciclos todos os anos e achamos sempre bom recomeçar. Como se a nova contagem de dias, horas, minutos pudesse trazer de volta a oportunidade para corrigir o que não deu certo. Recomeçar significa dar uma chance para si mesmo e dizer: puxa, desta vez eu farei diferente!
Isso me fez lembrar Maiakóvski
Fiz ranger as folhas de jornal
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
De cada fronteira distante
Subiu um cheiro de pólvora
Perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
Nada de novo há
No rugir das tempestades
Não estamos alegres,
É certo,
Mas também por que razão
Haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
É agitado.
As ameaças
E as guerras
Havemos de atravessá-las.
Rompê-las ao meio,
Cortando-as
Como uma quilha corta
As ondas.
Abaixo: Visita ao Caraça (MG) em dezembro de 2009.
Ao som de: Se tudo pode acontecer by Adriana Calcanhotto.
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