Book 15 anos BH
Em uma ocasião em que fui mediadora de uma de suas palestras em um congresso de educadores aqui em Belo Horizonte, tive a oportunidade de conhecê-lo e de aprender um pouco com sua sabedoria sem limites.Eu poderia contar todos os detalhes deste encontro, mas o que me vem à memória sempre era sua caderneta já desbotada em que ele mantinha a pauta de suas palestras e seguia todos os itens docemente, enquanto os professores e professoras (principalmente) suspiravam.
Saímos literalmente fugidos do local do evento, despistando as professoras que queriam porque queriam seu autógrafo e, mais que isso, seu carinho. Senti-me como na cena do filme "A hard day's night" fugindo pelos fundos com um astro, com meu marido carregando seus pertences e eu dizendo ao grande escritor "venha por aqui!" enquanto um carro preto o aguardava na rua de trás.
Um dia sem igual em que presenciei o quanto uma pessoa pode ser importante e idolatrada pelo simples fato de expor sua emoção por meio das palavras e tocar o coração de milhares de outras pessoas.
Hoje, sem ele, acho que o mundo deve ficar triste. Temos poucas pessoas que nos mostram luz no final deste túnel obscuro que é a vida e nos convidam à reflexão.
Reescrevo aqui um trecho lindo de uma de suas obras, no qual ele fala sobre a morte:
"Dizem as escrituras sagradas: 'Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer'. A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A 'reverência pela vida' exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a 'morienterapia', o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a 'Pietà' de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo."
Rubem Alves
15 lindos anos de Bruna - Bruna foi uma princesa que passou por aqui há alguns meses. O ensaio foi feito em um dia de chuva, mas ninguém se importou, não é mesmo? Os dias nublados me inspiram. Acho que a subjetividade da luz deixam as fotos mais poéticas.
Na semana passada, Rubem Alves nos deixou.
Bruna, obrigada por ser tão linda para mim!