O Sol e a menina do vestido vermelho

Era uma vez uma menina que queria brincar com o Sol. De tanto espiar de longe o grande astro brilhando fora do seu alcance, a menina passou a ter um desejo incontido de fazer com que o Sol se aproximasse dela. A menina, então, vestiu seu vestido vermelho e saiu pelos campos de margarida acenando com as mãos em busca da atenção de seu astro inacessível.

Chamou tanto a atenção que, um dia, o Sol se encantou por ela. E o Sol quis tocá-la e descobriu nela as sensações da primavera e do outono e do verão e do inverno. Eram tantas descobertas mágicas que a menina resolveu fugir, pois tinha medo que aquela grande emoção pudesse fazê-la perder o caminho de sua casa, pois a luz do Sol era muito, mas muito forte e ela temia ficar cega por dentro e por fora. Então, uma grande tempestade veio, pois o Sol jamais poderia ter se ausentado do céu.

E no meio da tempestade, a menina disse ao Sol que o seu calor nem era tanto assim. Que ela já tinha visto um brilho mais intenso e mais poderoso e que aquela emoção tão forte lhe era indiferente.

O Sol, decepcionado e triste, resolveu se afastar e para o alto retornou. Percebeu que o aconchego do céu tranquilo e das nuvens sem tempestade era bem mais seguro do que meninas vestidas de vermelho em campos de margaridas.

Muito tempo depois, a menina compreendeu o grande sacrifício do Sol e por muitas vezes vestiu novamente seu vestido vermelho e tentou novamente chamá-lo. O Sol veio algumas vezes, mas sempre voltava seu olhar para o céu tranquilo e desejava retornar, com receio de nova tempestade. E a menina por dentro cegou. E por fora olhava o Sol lá em cima, tentando dizer a ele que tudo o que ela fez foi por amor. Só por amor.

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Escrevi esse texto para dizer que devemos ser responsáveis com as palavras que saem da nossa boca. Palavras são erros.

Abaixo: cenas de um amor celebrado.

Ao som de: Stay (faraway so close) by U2